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quinta-feira, 5 de maio de 2016

5 motivos pelos quais o intercâmbio acabou com a minha vida

Já li em alguns lugares sobre lista de motivos pelos quais viajar acabou com a vida de alguém, então eu decidi fazer a minha própria lista.

Tudo começou em Dezembro de 2010 quando embarquei para um intercâmbio de 03 meses em Londres, com apenas 20 anos de idade, mal sabia que estava prestes a mudar radicalmente minha vida.



Palácio de Versalhes - Paris


         1. Perrengues que fazem crescer fora da Zona de Conforto

Lembro certinho eu chegando ao aeroporto de Londres, com uma mala tamanho família, uma pastinha na mão cheia de documentos e morrendo de medo da imigração. O primeiro desafio foi preencher o papel com várias informações em inglês, eu consegui errar 4 vezes – sem exagero – por conta do nervosismo e de estar sozinha naquela situação. Vários outros como sair de casa muito cedo – ainda escuro – para ir para escola embaixo de neve e muito frio; andar pela primeira vez de metrô sem ter ideia em qual estação ter que parar; voltar para casa de madrugada de ônibus; fazer roteiros de como chegar; o que fazer no lugar;, como se locomover; comer; onde dormir; se o dinheiro vai dar para passar o resto do tempo que você pretende ficar (...) Todos esses detalhes que fazem uma viagem inesquecível e única, que você só vive fora da sua zona de conforto. Mas nem sempre é fácil se manter fora da zona de conforto, muitas vezes sem perceber já estamos em uma, criamos rotina e de repente estamos presos novamente ao que a sociedade nos impõe. O jeito é acharmos o equilíbrio entre uma coisa e outra, tarefa difícil né? Mas levo pra minha vida como um exercício diário, dia após dia, tente você também... Aos pouquinhos chegaremos lá!

          2. Sensação de liberdade

Talvez no começo pareça desesperador o fato de você estar com pessoas de outras culturas, outras línguas e outros hábitos que você, mas com o passar dos dias essa sensação de liberdade de poder ir e vir pra onde quiser e se sentir dona do “próprio nariz” é fenomenal. Além disso, você ser quem você quiser, vestir o que se sentir melhor e ter o cabelo da cor que bem entender, são exemplos do cotidiano na cultura Londrina e foi por esses e outros motivos que me apaixonei pela cidade, pela capacidade de fazer você se sentir: LIVRE. Vamos combinar que não é mole encontrar essa sensação em qualquer lugar não é mesmo? A maioria estabelece padrões a serem seguidos, o que entra diretamente em conflito com o que vivemos naqueles dias leves. Por isso, não é fácil não!


 3.  Não conseguir ter raízes

Quando você está fora fica acostumado a fazer e desfazer malas, dormir com a galera e não ter muita privacidade, sempre ter alguma coisa nova pra conhecer e explorar e muitos amigos para dividir os momentos incríveis. Quando voltamos pra vida real temos que nos readaptar a criar raízes, claro que como tudo na vida, tem o lado bom, mas logo você começa a sentir falta de não planejar muito as coisas, de não ter um emprego fixo por muito tempo, de não querer comprar uma casa porque se sente preso então prefere viver de aluguel, etc.

4. Desapego de bens materiais

Acredito que a maioria das pessoas tem o desejo em comum de querer ter uma casa própria, um carro, uma roupa de marca, um eletrônico da moda, um celular com muitas funções... Mas, para quem fez intercâmbio a vontade de ter esses bens diminui muito uma vez que a única importância resume-se em: juntar dinheiro para a próxima viagem. E por que isso acabou com minha vida? Simplesmente porque ter o sonho de “conhecer o mundo” é bastante abstrato e a sensação é de estar sempre insatisfeito com tudo e só importa uma coisa na vida: conhecer o máximo de lugares que você conseguir, deixando os bens materiais e “sonhos comuns” de escanteio e se tornando uma pessoa esquisita para quem está de fora e não viveu essa experiência.

5. Faz você se sentir um peixe fora d’água quando volta

Impossível esquecer o momento em que eu entrei no avião para voltar ao Brasil, peguei o telefone e liguei - ali no avião mesmo - para uma grande amiga que tinha feito durante a viagem, chorando, aos prantos, falando a seguinte frase entre soluços: “Eu não quero voltar!”
Mas, eu voltei. Além do dinheiro ter acabado eu precisava terminar a faculdade, e era totalmente fora da minha realidade continuar vivendo aquele sonho de ter como preocupação: ir para escola de inglês, sair e ir conhecer algum ponto turístico, programar viagens com os amigos novos, contemplar aqueles cenários de filme – falava isso toda hora -, tomar um chocolate quente no meio da rua com a fumacinha saindo da boca – achava um charme - , ver a neve pela primeira vez, procurar a balada mais legal do dia – e que fosse barata -, enfim, tudo era novidade, tudo era maravilhoso.
Chegando à realidade, a readaptação não foi fácil (não é até hoje, diga-se de passagem). Para a maioria das pessoas que eu conversava, contava as experiências e a minha “depressão pós-intercâmbio”, não conseguia compreender. Então, com o passar dos dias eu me sentia cada vez mais um peixe fora d’água, sem conseguir interagir com as pessoas e lugares, pois havia uma coisa que não saía do meu pensamento: “quero viajar mais, quero voltar, aqui não é mais o meu lugar.”

Parece meio melancólico tudo isso, mas vejo pelo lado positivo, de sempre ter me impulsionado a não ficar parada, não se acomodar, sempre querer algo diferente, afinal de contas dessa vida não levamos nada além dos sentimentos e experiências vividas.

Alguns questionamentos sempre estiveram presentes no meu dia a dia: Será que estou sozinha nisso tudo? Será que só eu me sinto esquisita assim? Será que o intercâmbio realmente acabou com a minha vida?

Seja qual for a resposta, eu não mudaria nada do que já vivi até hoje!

Eu não me considero a mesma pessoa que embarcou naquele aeroporto rumo ao frio Europeu, voltei com a bagagem cheia de reflexões, ideias, novos sonhos, vontades, menos julgamentos e preconceitos. Além de muitos planos para novas viagens, é claro. E você, voltou o mesmo? Me conte, não me deixe sozinha nessa! rs

Após Londres, estive 40 dias na África do Sul, acha que eu sosseguei? Jamais. Continuo programando qual será a minha próxima parada.

Eai, bora?

Livia Zanon 
@omundoeminhasvoltas


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